Violência na escola: ética, poder e cidadania
Convivemos em uma época que a violência está presente em todos os setores da nossa vida. Com isso, os adultos ficam preocupados com o futuro das crianças.
Hoje, a escola está se preocupando mais com esse problema e tenta buscar soluções para sanar este mal que vem assolando a vida de todo mundo. Partindo dessa preocupação, é preciso realizar um trabalho com os jovens para que possa entender que a violência ocorre de diversas formas; que o ser humano é passível de erros e acertos e precisa aprender a respeitar as diferenças individuais e que a violência leva à consequências.
Encontramos violência nas ruas, nas escolas, violência verbal e física, nos jogos, nas brincadeiras, na família etc. Alguns alunos picham as paredes da escola e muros da cidade como forma de comunicação para recados de amor, para as drogas, ameaça; uma forma que encontram para fugirem da realidade do dia-a-dia que para eles é considerada angustiante.
Essa forma de comunicação utilizada pelos alunos (códigos), são transgressões para o convívio social. O que os educadores não percebem é que esses códigos servem também como conquista de espaço, demarcação de território e que o escrito ou pichado é algo compreendido por poucos. Se tudo isso que acontece fosse melhor compreendido pela escola, isso também ajudaria a entender as atitudes dos alunos em sala de aula. Sendo assim, a escola não prepararia os alunos apenas para o mercado de trabalho, mas para a formação de homens complexos e reflexivos e que se libertariam desse mundo alienado.
É comum ver brigas de alunos no pátio da escola, nos corredores, nas salas de aula. Muitos são agredidos fisicamente e às vezes saem até mortes. Os adultos não estão preparados para lidar com esta situação, pois muitas vezes ao tentar apartar a briga, são agredidos pelos alunos.
Dentro da sala de aula muitas vezes o professor finge não vê, e quando vê usa de poder para punir os alunos, o que é considerado uma violência autorizada. Vale mencionar que alguns professores violentam os alunos verbalmente sem se preocupar com os sentimentos deles. A preocupação da escola e dos professores é ensinar os conhecimentos para que os seus alunos passem de ano; deixando a desejar a questão social que é fundamental para o ser humano viver em sociedade. Este é um fato determinante no desenvolvimento e crescimento da criança.
Segundo Maffesoli (1987), existem três modalidades de violências:
●a totalitária refere-se ao monopólio da estrutura dominante (Estado, partido, organização);
●a anônima refere-se a dominação dos poderes instituídos. Há sempre negociação, adaptação;
●a banal refere-se a passividade ativa; o poder através da submissão, usa-se máscara, a zombaria, o silêncio, os grafites e as pichações.
Nos grandes centros, as escolas fecham os portões, professores trabalham de portas trancadas, há grades nas janelas etc. Os que adquirem o poder acreditam que essa atitude soluciona o problema da violência. É uma atitude equivocada, sendo necessário conscientizar todos os envolvidos na educação de que para combater a violência é preciso ir além de chaves e cadeados nas portas e portões da escola, mas trabalhar de forma sistemática todas as causas e consequências que a violência traz para as nossas vidas e para a nossa sociedade.
Os alunos ás vezes usam a violência para chamar a atenção dos professores, e para sobreviverem demarcam espaço numa sociedade desigual e injusta. Outro ponto a destacar é que ás vezes a violência acontece devido a má condição de vida dos alunos; professores que não preparam aulas; direção incompetente etc. Vale destacar que a escola não dá espaço para o aluno expressar o que pensa, o que gosta e que lhe dá mais prazer; pois, ela se preocupa em transmitir conhecimentos que não condizem com a realidade do aluno e que cabe ao aluno desenvolver um saber pronto.
Algo também que poderia ser melhor aproveitado na escola é o momento do recreio. Este deveria ser o momento ideal para os alunos aprenderem a conviver com as diferenças e se interagir com os demais. A clientela mais prejudicada são as crianças da classe trabalhadora que vivem no meio da violência e os pais são ausentes o dia inteiro; estes vêem a escola como um refúgio, isto é, fantasia um mundo que não existe e quando chega à escola tem uma grande decepção, pois encontra um lugar sério e cheio de regras a serem cumpridas, por isso muitos se tornam violentos, pois os que detêm o poder não estão preocupados com a dura realidade desses alunos.
Enfim, é preciso que a escola mude sua conduta frente a relidade emergente (violência), que por intermédio das ações negativas, ela possa replanejar seu Projeto Político Pedagógico e inserir instrumentos que possam sanar a violência dentro da escola.
Referência Bibliográfica
Thomaz, S.B. Violência na escola: ética, poder e cidadania.
(Fez parte de uma pesquisa etnográfica desenvolvida numa escola pública fundamental do rio de Janeiro)